Mangualde espera mais de 50 mil visitantes este fim de semana na Feira do Santos

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O maior certame anual do concelho de Mangualde vai acontecer de 1 a 3 de novembro. A Feira dos Santos, também conhecida como Feira das Febras, é um dos principais eventos de Mangualde e revela o melhor que o concelho oferece em termos de gastronomia, vinhos, artesanato, agropecuária, máquinas e alfaias agrícolas, indústria, entre outros, não esquecendo as tradicionais febras e os torresmos, que dão a identidade ao evento, onde também não faltará animação. À Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Mangualde destaca a importância da feira para a promoção do território e do que nele se produz. Marco Almeida estima que mais de 50 mil pessoas passam pela cidade no fim de semana dos Santos.

Gazeta Rural (GR): A Feira dos Santos é, como sabemos, o maior certame realizado no concelho de Mangualde. Quais são as novidades deste ano?

Marco Almeida (MA): Como disse e bem, é o nosso maior certame, a nossa maior montra anual daquilo que se produz e daquelas que são as nossas marcas de eleição, bem como a melhor forma de podermos apresentar os nossos produtos.

Ao longo dos últimos anos quisemos dar um salto qualitativo, relativamente à Feira dos Santos, através de um processo de internacionalização. Fizemo-lo no primeiro ano deste executivo, fizemo-lo em 2022 e repetimos em 2023. Em 2022 fizemos convites à participação de uma cidade geminada com Mangualde e que também tem, do ponto de vista da gastronomia e da cultura, produtos muito interessantes a apresentar e que se conjuga muito bem com aquela que é a nossa promoção. Estamos numa região marcada pelo queijo e esse produto, para eles, também é uma marca importante.

No segundo ano, além de continuarmos com a presença deles, recebemos em Mangualde um grupo de jornalistas espanhóis, que permitiram que pudéssemos levar o nome da Feira dos Santos de Mangualde ao país de vizinho, que também tem, por tradição, uma relação muito próxima com aquilo que são as marcas da nossa feira, desde as febras, que é uma marca da Feira dos Santos (antigamente era conhecida como a Feira das Febras, mas também dos enchidos e dos torresmos. Os espanhóis também têm a tradição de valorizar os produtos da carne de porco e quisemos fazê-lo dessa forma.

Este ano, além de termos connosco de novo os nossos congéneres franceses de Lempdes, vai estar cá outra cidade, que vem pela primeira vez à nossa Feira dos Santos e a apresentar os seus produtos.

O trabalho que tem sido feito ao longo dos anos foi no sentido de promovermos e expandirmos a Feira dos Santos e dar-lhe dimensão no mercado interno. Quisemos alargá-lo à vizinha Espanha, desde logo porque estamos muito próximos da fronteira e também porque há estas semelhanças em termos de tradições, que seria uma janela de oportunidade para a nosso certame.

O que vamos fazer este ano vai no sentido de marcar a diferença, que é dar espaço aos produtores, àqueles que trabalham no setor primário, – no queijo, no vinho, na maçã, no mel e na floresta, – através de mesas redondas, não só para debaterem, mas também para partilhar experiências. Um exemplo é um momento em que a Confraria das Febras e da Enogastronomia vai apresentar os nossos tradicionais pratos de carne, como os torresmos, e é uma mostra interessante. Mas também vamos ter mostras do queijo e de enchidos, tudo muito ligado à gastronomia, mas também de outras áreas.

Queremos aproveitar a Feira dos Santos para promover aquilo que é a essência da feira, mas também tudo o que temos de bom e que é produzido no concelho ao longo do ano. Por exemplo, a apicultura tem vindo a ter um papel de grande importância, assim como a produção dos frutos vermelhos, que são uma marca que também temos vindo a conquistar ao longo dos anos.

É, portanto, um espaço onde vamos poder fazer a promoção e divulgação do vinho, do queijo, da maçã, da doçaria, da nossa gastronomia em geral, da apicultura, do queijo Serra da Estrela e o requeijão. Estou certo de que é através desta experiência e desta oportunidade que os feirantes poderão experienciar algo diferente e deixar uma marca junto daqueles que nos visitam regularmente e aqueles que cá vêm pela primeira vez.

GR: Qual o impacto económico que a feira tem no concelho?

MA: Ainda não conseguimos monitorizar isso da forma como queremos. Este ano, pela primeira vez, vamos conseguir perceber, através de um projeto da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, de uma forma muito aproximada, qual o impacto económico que a feira traz, bem como o número de visitantes. Isso é feito através de um projeto que a CIM Viseu Dão Lafões abraçou e que vai ser testado na feira do Santos. Isso é importante para nós e esse é um caminho importante.

Estimamos que durante o fim de semana dos Santos o concelho de Mangualde receba mais de 50 mil pessoas. São dados que temos de anos anteriores, que foram monitorizados de outra forma, mas sem grande precisão. Este ano vamos ter uma informação mais aproximada daquilo que são os números reais.

Se partirmos do princípio de que serão 50 mil pessoas que, naquele fim de semana, estarão em Mangualde, que vêm fazer compras, que vêm visitar e comprar o nosso comércio local, que ficam hospedados no nosso concelho, com certeza que o impacto económico é significativamente elevado. Mas mais do que o impacto econômico, é importante também saber o impacto que se cria do concelho fora de portas.

E quando digo fora de portas falo no resto do país, mas também no contexto internacional. E nós também trabalhamos no contexto internacional e, por isso, é que ano após ano fazemos questão de termos as televisões connosco, porque queremos aproximar a nossa comunidade imigrante à sua terra natal, mas também conseguirmos estar constantemente a promover aquela que é uma marca da terra, num ano em que, infelizmente, mais uma vez fomos fustigados pelos incêndios, que causaram bastantes prejuízos principalmente a quem vive daquilo que a terra lhes dá, lhes tem dado e que viu destruído o esforço e o trabalho de uma vida inteira.

É importante que, na nossa Feira dos Santos, aproveitemos esta oportunidade para promover aquilo que a terra nos dá, porque contribui em grande parte para aquilo que nós somos. É relevante que nesta oportunidade estejamos ao lado daqueles que trabalham no setor primário, muitos deles que perderam muitas coisas, mas outros, que estão a trabalhar, que não perderam, mas que passam por algumas dificuldades. Trabalhar na terra é duro, sempre foi e sempre será. Esta é uma marca nossa. É a marca do queijo, do vinho, dos frutos vermelhos e, por isso, é importante que nós, além de os promovermos, mais do que nunca é também essencial valorizar aqueles que tanto deram e que precisam de uma esperança para continuar a fazer aquilo que tão bem fazem e que nós tanto precisamos.

GR: A atração de pessoas que esta feira tem para o concelho projeta-se ao longo do ano?

MA: Os dados que podemos dar é que, desde 2021 até 2023, aumentámos em 40% o número de turismo no concelho, mas também de 40% o número de alojamentos locais. E são boas notícias. Aumentámos o número de alojamentos porque a procura é grande e, de facto, 40% em pouco mais de dois anos é um número significativo. Por isso, estou certo, a Feira dos Santos, de alguma forma, dará o seu contributo para podermos hoje ter estes números, que são significativos, para uma meta que queremos atingir, que é um reforço no setor turístico. E, por isso, acredito que aquele que é o maior certame do concelho contribuirá, e muito, para estes resultados.