Municípios portugueses estão a recolher em terra os resíduos que estão a despoluir o céu

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Autarquias estão a aumentar a rede e a qualidade do equipamento de recolha de óleos alimentares usados. Mercado de transformação de OAU em biocombustível de aviação está a crescer. Santarém deixou de reciclar duas toneladas anuais destes resíduos para, com a Hardlevel, o principal operador do mercado, passar a reciclar 12 toneladas ao ano

As grandes mudanças derivam, muitas vezes, de gestos simples sobre pequenos formatos. É por isso que, depois de descartado, o litro de óleo que usamos nas frituras de uma semana tanto serve para poluir perto de um milhão de litros de água, como para alimentar a propulsão dos aviões de uma forma mais sustentável e, assim, tornar o céu um pouco menos poluído.

Como? Colocando rotineiramente os óleos alimentares usados (OAU) domésticos num recipiente, depositando-os num oleão para serem posteriormente recolhidos e pré-tratados (para os livrar de impurezas), por operadores como a portuguesa Hardlevel – Energias Renováveis, que depois os encaminha para as refinarias da Península Ibérica, onde estas gorduras – inclusive aquelas que escorremos das latas de atum – são transformadas em biocombustível de aviação.

Não é rocket science, é a mais pura rotina diária, em que participam já centenas de autarquias e muitos milhares de consumidores portugueses, que dão sentido ao trabalho do principal operador do mercado de recolha e pré-tratamento de OAU, a Hardlevel,e a um novo contorno da economia circular.

A mudança começou há alguns anos e são cada vez mais as parcerias que estão a fazer multiplicar, em Portugal e no mundo, os voos comerciais (e militares) que usam combustíveis sustentáveis, como o SAF – Sustainable Aviation Fuel. A prática vem dar cumprimento à obrigatoriedade de incorporação deste biocombustível na aviação da União Europeia e à meta que a IATA – Associação Internacional de Transportes Aéreos definiu para o setor até 2050: chegar à neutralidade carbónica em termos de emissões para a atmosfera.

Esta transformação ecológica está de olhos postos no céu, mas desenrola-se em terra. Cidadão atrás de cidadão, rua após rua, concelho a concelho. Também porque ao evitar-se a contaminação de um milhão de litros de água por aquele que é um dos principais inimigos da qualidade dos recursos hídricos – a gordura – estamos a possibilitar satisfazer as necessidades básicas de uma pessoa durante cerca de 24 anos.