O Pavilhão Municipal de Tondela foi esta sexta-feira (13 de dezembro) palco do encontro nacional comemorativo dos 25 anos do Programa de Sapadores Florestais, num evento promovido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com o apoio do Município.
A iniciativa, que juntou mais de mil sapadores de todo o país, contou com a presença do primeiro-ministro, dos ministros da Agricultura e Ambiente, do secretário de Estado das Florestas, da presidente da Câmara de Tondela e dos vereadores no executivo municipal, de vários presidentes de junta do concelho, entre outros autarcas locais, elementos das forças de segurança e bombeiros e representantes de diversos organismos da administração pública central e local.
A abertura da sessão coube à presidente da Câmara tondelense, Carla Antunes Borges, que saudou a escolha do concelho para acolher o evento e a presença de um número tão elevado de sapadores e convidados.
“Defendemos a existência das equipas de sapadores florestais. Elas são fundamentais para a preservação dos nossos territórios, para a defesa das nossas povoações, constituindo um elemento de apoio ao mundo rural com uma forte intervenção no tecido económico e social das nossas comunidades”, afirmou.
A autarca elogiou em particular o trabalho desenvolvido pelas três equipas de sapadores florestais existentes no concelho (das juntas de freguesia de Santiago de Besteiros e Parada de Gonta e da Associação de Freguesias da Serra do Caramulo), e da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões e garantiu que a floresta e a proteção civil são prioritárias para o seu executivo, dando como exemplo a duplicação nos últimos anos da capacidade de intervenção das brigadas municipais no domínio da gestão de combustível nas redes primária e secundária.
Recordando que o município que lidera é ocupado em 60 por cento por área florestal, e que Tondela, tal como outros concelhos se debate com o abandono do território e com o despovoamento, a presidente da Câmara de Tondela disse ser necessário “um olhar particular para as áreas florestais e agrícolas”.
“Precisamos de uma estratégia de desenvolvimento sustentável, um olhar que sei que a tutela tem, e uma estratégia que está a ser construída e para a qual senhores ministros Tondela quer contribuir”, garantiu.
“Os sapadores merecem maior visibilidade”
A segunda intervenção do dia coube ao ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, que também não poupou nas palavras de elogio aos sapadores florestais, dizendo que estes executam um trabalho nem sempre percecionado pelos portugueses e que é “essencial para a preservação, para o combate aos fogos florestais e para a biodiversidade”.
“Os sapadores merecem maior visibilidade e maior reconhecimento e hoje aqui em Tondela celebramos 25 anos de crescimento, 25 anos em que de 35 equipas no ano de 1999 passámos para 415. E o nosso objetivo é chegarmos às 500 e aumentarmos as equipas em cada ano. Os sapadores florestais são a linha da frente na proteção daquilo que é um património vital”, alegou, acrescentando que estes profissionais podem contar com o Governo para valorizar e reconhecer o seu contributo para “um Portugal mais coeso e sustentável”.
Plano Nacional de Restauro em desenvolvimento
Logo depois subiu ao palco a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho que começou por lembrar que “Portugal é o nono país da União Europeia com a maior percentagem de área florestal”, sendo que 37 por cento do território é ocupado por floresta.
“A chamada economia florestal é de importância-chave para o país”, argumentou.
Na defesa desta importante fileira, e cumprindo a Lei de Restauro da Natureza que foi aprovada este ano pela União Europeia, a governante anunciou que se encontra em desenvolvimento o Plano Nacional de Restauro.
“Temos a obrigação de recuperar as nossas florestas e de aumentar a área florestal. E temos de fazê-lo envolvendo as comunidades e o tecido económico locais, procurando formas de transformar desafios em novas oportunidades. Só assim, com todos a bordo, será possível atingirmos as nossas metas”, sustentou.
Depois de um momento musical a cargo de um quarteto de cordas da GNR e de duas palestras sobre “Segurança e Saúde no Trabalho Florestal” e “Inovação das operações florestais em Portugal”, teve lugar uma cerimónia de distinção dos sapadores florestais com 25 anos de programa.
Reforço de apoios
O encerramento do encontro coube ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que quis, logo a abrir a sua intervenção, deixar um cumprimento muito especial aos sapadores florestais no dia em que se assinalaram os 25 anos do programa, que descreveu, como de “grande significado e com grande valor cívico no contexto do país”.
Perante uma plateia composta por mais de mil operacionais, o primeiro-ministro anunciou uma subida do apoio anual pago às entidades que empregam os sapadores florestais, numa medida que foi aprovada ontem (12 de dezembro) em Conselho de Ministros.
“Aumentámos o apoio anual às entidades detentoras de sapadores florestais de 55 mil para 61.600 euros e fazemos retroagir este aumento até ao dia 01 de janeiro de 2024. Portanto, estamos a tomar uma medida a 15 dias do final do ano, mas fazemo-la aplicar ao primeiro dia deste ano”, explicou, falando ainda num “bom reconhecimento” destes profissionais.
“Este apoio pode ainda ser majorado em 11.200 euros, quando esta majoração anterior era de 10 mil euros, quando se tratava de uma entidade intermunicipal detentora de equipas de sapadores florestais que prestam exclusivamente serviço público. É também possível um reforço máximo de 6.600 euros exatamente na circunstância da prestação adicional de serviço público”, acrescentou.
Segundo o líder do Governo, este reforço de verbas servirá não só para o “pagamento exclusivamente da atividade”, mas também poderá ser aplicado na formação, no reforço de dias de atividade ou em mais equipamento.
“Portanto, pode no fundo promover condições para termos no futuro mais equipas”, considerou.
O primeiro-ministro adiantou ainda que na reunião de ontem do Conselho de Ministros foi decidido assegurar um financiamento plurianual para as equipas de sapadores e que nos próximos quatro anos vai ascender a mais de 150 milhões de euros.
No encerramento da sua intervenção, Luís Montenegro deixou uma “palavra de responsabilidade e de esperança” aos sapadores florestais de todo o país presentes no evento, apesar de reconhecer que nem sempre as respostas dadas pela tutela correspondem às “ambições das pessoas que estão no terreno”.
“Sabemos que há necessidade de ter maior e melhor rendimento, mais equipamentos, mais organização, mais formação, uma valorização desta profissão, deste programa, que corresponda às expectativas que as pessoas têm para poderem ficar nele”, afirmou.